Historia muito caricata á gente mesmo para tudo, e este senhor então...
Em 1947, Pierre Brambilla estava tão desgostoso
por ter perdido a amarela na última etapa que pura e simplesmente
enterrou a bicicleta no quintal junto da sua casa. Insólito? Só quando a
desenterrou para a vender...
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Pierre Brambilla, suíço de nascimento, foi um corredor que se
notabilizou nas grandes provas do ciclismo internacional, nomeadamente
no Tour de France após a 2.ª Guerra Mundial de 1939-1945.
Contemporâneo de Jean Robic, de Louison Bobet, de Raphael
Geminiani, de Fausto Coppi, de Gino Bartali, de Ferdi Kubler, de René
Vietto, de Stan Ockers e de tantos outros, Pierre Brambilla, que veio a
adquirir mais tarde a nacionalidade francesa, era um corredor sempre bem
disposto, mas ao mesmo tempo muito impulsivo na maneira de correr e
sobretudo muito extravagante.
Bom trepador, chegando mesmo à vitória na classificação da montanha no Tour de France
de 1947, era conhecido no pelotão por se insultar a si próprio e
denegrir a sua própria imagem, quando as etapas não lhe corriam de
feição.
Foi o que lhe aconteceu na Volta a França de 1947, quando alinhou para a última etapa, entre Caen e Paris, com a camisola amarela vestida. Após um ataque bem sucedido de Jean Robic, que veio a ser declarado o vencedor desse Tour, Brambilla não teve forças para aguentar o andamento imprimido na etapa, sendo relegado para o 3.º lugar da classificação geral final.
Desgostoso, Pierre Brambilla abriu um buraco no jardim de sua
casa em Grenoble e … pura e simplesmente … enterrou a bicicleta com que
tinha participado nesse Tour de 1947. Quando acabou de enterrar a bicicleta, exclamou: “Fizeste-me sofrer demasiado e não me deste a vitória no Tour de France. Por isso, tens que ser punida!”.
Dois meses mais tarde, um seu conhecido, com ambições a
corredor, perguntou-lhe onde podia adquirir uma bicicleta de competição
por um preço acessível. Pierre Brambilla, com um sorriso nos lábios,
disse-lhe para ir a sua casa no dia seguinte, pois tinha um modelo que
lhe iria servir na perfeição.
Desenterrou então a sua bicicleta, lavou-a e limpou-a, oleou-a e conseguiu vendê-la ao seu conhecido por 3.000 francos.
Realmente á gente para tudo muito bom.
José Magalhães Castela
(Extraído do livro Mês Quatre Vérités de Raphael Geminiani. Editions Jacob-Duvernet)