A confissão de Lance não muda a minha opinião sobre a eterna questão "herói ou vilão?".
O que quero abordar agora, a partir da confissão do Cowboy, é o tamanho da distância entre o doping e o antidoping.
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A confissão mostra que Lance foi extremamente bem sucedido no que fez ao menos cientificamente. Fez isso por uma década, conquistou
títulos, foi o atleta mais testado da história, só que NUNCA foi apanhado.
Se imaginava que o doping estava 6 meses a frente do anti-doping. E agora? Teoricamente 15 anos,
já que só em 2013 comprovamos um doping de 1998. Porém, se Floyd Landis
e a Cia. não tivessem aberto a boca, essa distância seria eterna: Lance jamais confessaria.
Aí entra uma outra questão: apesar de ter confessado o doping, Lance quebrou as regras? Isso mesmo! Explico:
O guru de Lance e de muitos outros é o Dr. Michele Ferrari. O italiano diz que o seu trabalho é “fazer com que atletas usem substância proibidas dentro do limite permitido“.
Se é permitido, é ilegal? Para o médico italiano, para Lance Armstrong e para muitos outros atletas, não! – apesar de, indiscutivelmente, ser imoral.
Ferrari vai mais além, e diz que "o EPO faz tão mal ao atleta quanto um sumo de laranja. Basta saber usá-lo". Ferrari sabe receitá-lo como ninguém, por isso está milionário e a sua clientela é imensa.
A única saída parece ser aquela que já está a ser tomada pelo ciclismo: usar nas investigações provas policiais e não apenas exames médicos.
Emails, telefonemas, escutas e testemunhos estão a ser mais eficientes
do que examse de urina, de sangue, de fios de cabelos ou que qualquer
passaporte biológico.
O ciclismo já faz isso. É hora dos outros desportos
também o fazerem.
E o mais importante: não basta apenas revirar a história de heróis do passado. É preciso evitar vilões do futuro.